terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Homicidio meio cheio ou meio vazio

A divulgação dos índices criminais deve ter provocado um nó em quem lê mais de um jornal (ou tem algum senso crítico). O Globo comemorou uma taxa "histórica", a menor da década. A Folha (ou eu) destacou o aumento (ou oscilação) de 1,3% no ano do início da pacificação de favelas.

Fatos: 1) São Paulo reduziu a menos de um terço sua taxa de homicídios em 10 anos (de 35 para 10). RJ praticamente não reduziu (foi de 41,6 em 1999 para 34,6).

2) A esquizofrênica queda de taxa com aumento de casos só se explica com uma PROJEÇÃO populacional (o ISP a faz, geralmente, com base nas projeções do IBGE). Ou seja, para diminuir homicídios, seria melhor investir em matemáticos do que em policiais? Ou então, segundo Jorge Antônio Barros, só a natalidade explica a queda de homicídios.

3) Em 2008, o RJ registrou o menor número de casos de assassinatos desde que há contagem oficial (começou em 1991). Foram 5.717. Por que? Ninguém sabe. A Secretaria só implementou as UPPs, definiu metas, e áreas integradas de segurança no meio de 2009. E o resultado qual foi? Uma mera oscilação para cima ou para baixo, dependendo de quem analisa.

Dúvidas: será que a evolução dos casos depende mais da política de criminosos (invasões a morros e ação de milícias) do que da política de segurança? Pouco se sabe porque, como diz Michel Misse, pouco se sabe sobre os homicídios praticados no RJ.

Beltrame disse na coletiva que a secretaria tem método para reduzir os homicídios. Isso parece claro: UPPs, planejamento, metas e investimento na delegacia de homicídios, por exemplo. Mas isso é novo?

Qual a diferença do projeto (não de sua execução) dos GPAEs e das UPPs? Ambas pregam a ocupação de favelas.

Qual a diferença do projeto (não execução) das Aisps criadas em 1999 e as Risps, este ano? Ambas pregam a integração entre as polícias Civil e Militar.

A diferença é o compromisso político, quem está disposto a bancar pela queda de homicídios, e não apenas com propaganda. Beltrame parece estar. E Cabral?

3 comentários:

  1. Os fãs do Me Execedi vêm, por meio deste espaço, parabenizar o signatário pela iniciativa ao mesmo tempo em que questionam o abandono do espaço supracitado.
    Atenciosamente,
    Os Excessos

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  2. E quem lê o Cesar Maia também sente o nó:
    "A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio divulgou um Índice de Homicídios Dolosos de 34,6 por 100 mil habitantes em 2009. O número de homicídios divulgado foi de 5.794 no Estado. Ao se calcular que População a SSP-RJ usou para o cálculo, leva-se um susto. 5.794 dividido por 34,6 e multiplicado por 100 mil dá uma população de 16.745.664. Na verdade, a população do Estado do Rio calculada pelo IBGE é de 16.010.429 e, assim, o Índice de Homicídios Dolosos no ERJ em 2009 foi de 36,2 por 100 mil habitantes e não 34,6. Um jeito esperto de reduzir a criminalidade."

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  3. Fã abandonado dos tempos de excessos blogueiros, solidarizo-me com a manifestação do companheiro Marcelo, acima. Faço votos de que este agradável e oportuno espaço tenha vida longa.

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